Enquanto representantes das indústrias e dos produtores retomam nesta quarta-feira a negociação do preço do tabaco para a safra 2018/19, os primeiros fardos começam a chegar às esteiras das fumageiras do Vale do Rio Pardo. A perspectiva é de que a partir do fim do mês seja ampliada a contratação dos safreiros, já recrutados em uma pequena parte no início das atividades.
Desde essa segunda-feira os estoques da China Brasil Tabacos, de Venâncio Aires, começaram a ser abastecidos com as primeiras compras do ano. A companhia planejou começar mais cedo o processamento em 2019 e, por causa disso, já contratou boa parte dos 350 colaboradores que estão previstos para a temporada.
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Paralelamente ao início da compra, as sete entidades que compõem a Comissão de Representação dos Produtores de Tabaco irão se reunir entre esta quarta e quinta-feira para a segunda rodada de negociação, na intenção de fixar o valor final do produto para esta safra. Segundo o primeiro vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS), Nestor Bonfanti, a expectativa é de que o reajuste alcance 5,9% depois das novas negociações. O reajuste proposto, segundo ele, cobriria os custos de produção do tabaco na lavoura. “Esperamos que, a partir do próximo ano, as negociações serão mais tranquilas, pois todas as empresas estão apresentando o custo de produção. Na primeira rodada deste ano não houve avanço, vamos ver agora”, comentou o dirigente.
Para a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), integrante do grupo que discute o preço do tabaco, a negociação que recomeça nesta quarta-feira deve apresentar uma resposta positiva aos agricultores. “Nas últimas reuniões, realizadas em dezembro, em Santa Catarina, o acordo não aconteceu. Na época, as propostas de percentual de aumento de preço que seriam aplicadas sobre a tabela praticada na safra passada ficaram aquém do que as entidades entendem como necessário para uma lucratividade satisfatória ao produtor”, justifica o presidente da Afubra, Benício Werner. Os encontros marcados para a segunda rodada de discussão do preço do tabaco com a indústria ocorrerão na sede da Fetag, em Porto Alegre.
Safreiros aguardam pelo chamado de 2019
Enquanto as primeiras cargas de tabaco começam a chegar nas esteiras, no setor de recebimento das fumageiras, no Bairro Santa Vitória, em Santa Cruz, a safreira Lia Mara da Silva não vê a hora de voltar ao trabalho na destala. O processo é manual e requer habilidade dentro da linha de produção – o que Lia Mara diz ter de sobra, pois se prepara para retornar à Universal Leaf Tabacos e cumprir a sua 31a safra, a oitava dela na mesma empresa. “Eu trabalhei 23 safras em outra fumageira. Mas há sete anos, como eles estavam demorando muito para começar, eu troquei. Eu só trabalho nesta época do ano”, revela.
Ela diz que em 2018 trabalhou até setembro e, neste ano, espera repetir o resultado. “Quanto mais tempo a gente fica empregado, melhor. Eu gosto de trabalhar na safra do tabaco, mesmo que por temporada.” Segundo Lia Mara, quando a empresa para, começa a economia na casa dela. E quando a safra recomeça, os primeiros salários já têm destino certo. “Sempre é preciso pagar umas continhas, pois a gente entra o ano sem estar trabalhando.”
A “fidelidade” de Lia Mara é a mesma da indústria, que prefere os trabalhadores que sempre atuam nesta época do ano. Conforme o gerente de operações de tabaco da Souza Cruz, Adriano Rusak, a cada nova safra, colaboradores de anos anteriores são recontratados. Conforme o gestor, a ação fortalece o compromisso da companhia com o desenvolvimento regional. Rusak afirma que, no ano passado, 65,6% dos trabalhadores retornaram à empresa. “A Souza Cruz preza pelo desenvolvimento das regiões onde atua e acredita, e investe nos talentos locais. No período da safra, por exemplo, contratamos quase 4 mil colaboradores nos três estados do sul, valorizando as comunidades do entorno e movimentando a economia local”, salienta.
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